Inovação aberta: o que é, como funciona, tipos e exemplos
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| Pessoas trabalhando em um projeto de inovação |
Saiba como a inovação aberta pode ajudar a sua empresa a se reinventar e se destacar no mercado.
A inovação é um fator essencial para o sucesso de qualquer empresa no mercado atual. Mas como inovar de forma eficiente e sustentável? Uma das possibilidades é adotar o modelo de inovação aberta, que propõe uma forma mais colaborativa e participativa de gerar novas soluções.
Neste artigo, vamos explicar o que é a inovação aberta, como ela funciona na prática, quais são os seus tipos e exemplos de empresas que usam esse modelo. Além disso, vamos dar algumas dicas de como implementar a inovação aberta na sua empresa e quais são os benefícios e desafios desse processo. Acompanhe!
O que é a inovação aberta?
A inovação aberta é um conceito criado pelo professor Henry Chesbrough, da Universidade da Califórnia em Berkeley, que define um modelo de gestão empresarial voltado para a inovação que promove a colaboração com pessoas e organizações externas à empresa.
Ou seja, a inovação aberta propõe uma verdadeira ruptura cultural corporativa, buscando livrar-se da “mentalidade de silo” das empresas, que tendem a desenvolver as suas soluções internamente e protegê-las da concorrência.
Ao contrário disso, a inovação aberta reconhece que há uma limitação intelectual em um grupo reduzido de pessoas, por mais capazes que sejam. Portanto, abrir espaço para uma participação de fora, com outros agentes podendo contribuir com expertise, conhecimento e recursos, revela-se uma iniciativa inteligente.
Assim, a inovação aberta busca aproveitar as oportunidades que surgem tanto dentro quanto fora da empresa, criando redes de cooperação entre diferentes atores do ecossistema de inovação. Esses atores podem ser fornecedores, clientes, concorrentes, instituições de ciência e tecnologia, intermediários ou até mesmo indivíduos independentes.
Dessa forma, a inovação aberta permite que as empresas se beneficiem das ideias e soluções desenvolvidas por outros agentes ou compartilhem as suas próprias ideias e soluções com eles. Isso pode gerar ganhos mútuos em termos de redução de custos, aumento da produtividade, melhoria da qualidade e diferenciação no mercado.
Como funciona a inovação aberta?
A inovação aberta pode funcionar de diferentes formas, dependendo do tipo de relação estabelecida entre os agentes envolvidos. De acordo com Chesbrough, existem dois fluxos básicos de conhecimento na inovação aberta: o fluxo interno-externo (inside-out) e o fluxo externo-interno (outside-in).
O fluxo interno-externo ocorre quando a empresa compartilha ou vende as suas ideias ou tecnologias para outras organizações ou indivíduos. Isso pode acontecer por meio de licenciamento, spin-off ou joint venture. O objetivo é aproveitar o potencial das soluções desenvolvidas internamente que não estão sendo utilizadas pela empresa ou que podem gerar mais valor em outros contextos.
O fluxo externo-interno ocorre quando a empresa adquire ou incorpora as ideias ou tecnologias provenientes de outras organizações ou indivíduos. Isso pode acontecer por meio de parceria, aliança estratégica ou aquisição. O objetivo é complementar ou melhorar as soluções desenvolvidas internamente com as contribuições externas.
Em ambos os casos, há uma troca de conhecimento entre os agentes envolvidos na inovação aberta. Essa troca pode ser feita por meio de diferentes canais ou mecanismos. Alguns exemplos são:
Plataformas online
- São espaços virtuais onde os agentes podem publicar os seus desafios ou soluções relacionados à inovação e interagir com outros agentes interessados.
Hackathons
- São eventos presenciais ou online onde os agentes se reúnem para desenvolver soluções criativas para problemas específicos em um curto período de tempo.
Crowdsourcing
- É uma forma de obter ideias ou soluções por meio da participação coletiva e voluntária de pessoas que se dispõem a contribuir com o seu conhecimento ou habilidade.
Open labs
- São laboratórios físicos ou virtuais onde os agentes podem acessar recursos e ferramentas para desenvolver projetos experimentais relacionados à inovação.
Co-criação
- É uma forma de envolver os clientes ou usuários finais no processo de desenvolvimento das soluções, buscando atender às suas necessidades e expectativas.
Quais os tipos de inovação aberta?
A inovação aberta pode ser classificada em diferentes tipos, dependendo do grau de envolvimento dos agentes externos no processo. Segundo o professor Wim Vanhaverbeke, da Universidade de Hasselt, na Bélgica, existem quatro tipos de inovação aberta:
Inovação aberta passiva
É quando a empresa utiliza os seus recursos internos para desenvolver as soluções, mas permite que outras organizações ou indivíduos as utilizem ou adaptem para outros fins. Um exemplo é a disponibilização de patentes ou códigos-fonte para uso público.
Inovação aberta ativa
É quando a empresa busca ativamente as soluções desenvolvidas por outras organizações ou indivíduos e as incorpora ao seu processo de inovação. Um exemplo é a realização de concursos ou desafios para obter ideias ou soluções externas.
Inovação aberta acoplada
É quando a empresa tanto compartilha as suas soluções com outras organizações ou indivíduos quanto adquire as soluções desenvolvidas por eles. Um exemplo é a formação de alianças estratégicas ou redes de cooperação para a inovação.
Inovação aberta integrada
É quando a empresa integra os agentes externos ao seu processo de inovação, criando uma relação de confiança e reciprocidade. Um exemplo é a co-criação com os clientes ou usuários finais das soluções.
Inovação aberta e fechada: entenda as diferenças
A inovação aberta se contrapõe ao modelo tradicional de inovação fechada, que se baseia na ideia de que a empresa deve gerar e controlar todo o processo de inovação internamente, sem interação com agentes externos.
A inovação fechada pressupõe que a empresa possui todos os recursos e competências necessários para inovar e que deve proteger as suas ideias e tecnologias da concorrência. Assim, a inovação fechada segue uma lógica linear e sequencial, que vai da pesquisa à comercialização.
No entanto, esse modelo apresenta algumas limitações e desvantagens, como:
- Alto custo e risco da pesquisa e desenvolvimento internos;
- Baixa eficiência e velocidade da inovação;
- Perda de oportunidades de mercado;
- Desperdício de ideias e tecnologias não aproveitadas;
- Resistência à mudança e à aprendizagem.
Por outro lado, a inovação aberta oferece algumas vantagens e benefícios, como:
- Redução de custo e risco da pesquisa e desenvolvimento externos;
- Aumento da eficiência e velocidade da inovação;
- Ampliação das oportunidades de mercado;
- Aproveitamento de ideias e tecnologias externas;
- Estímulo à mudança e à aprendizagem.
Portanto, a inovação aberta representa uma nova forma de pensar e fazer a inovação nas empresas, mais adequada ao cenário atual de intensa competição e dinamismo.
Como implementar a Inovação Aberta na sua empresa?
A implementação da inovação aberta na sua empresa requer uma mudança cultural e estratégica, que envolve alguns passos importantes. Veja alguns deles:
Defina o objetivo e o escopo da inovação aberta
Antes de iniciar o processo, é preciso ter clareza sobre o que se quer alcançar com a inovação aberta e qual é o seu alcance. Por exemplo, qual é o problema ou oportunidade que se quer resolver ou explorar? Qual é o tipo e o grau de inovação aberta que se quer adotar? Qual é o público-alvo da solução?
Identifique os agentes externos relevantes
Em seguida, é preciso mapear os agentes externos que podem contribuir para o processo de inovação aberta. Por exemplo, quais são os fornecedores, clientes, concorrentes, instituições de ciência e tecnologia, intermediários ou indivíduos independentes que possuem conhecimento ou interesse no tema da inovação?
Estabeleça os canais e mecanismos de interação
Depois, é preciso definir os canais e mecanismos pelos quais os agentes externos vão interagir com a empresa no processo de inovação aberta. Por exemplo, quais são as plataformas online, hackathons, crowdsourcing, open labs ou co-criação que vão ser utilizados para trocar ideias ou soluções?
Crie uma cultura de colaboração e confiança
Por fim, é preciso criar uma cultura organizacional que estimule a colaboração e a confiança entre os agentes internos e externos envolvidos na inovação aberta. Por exemplo, quais são as políticas, incentivos, valores e comportamentos que vão facilitar a comunicação, o compartilhamento e a aprendizagem?
Os desafios na implantação da inovação aberta
Apesar dos benefícios da inovação aberta, há também alguns desafios que devem ser considerados na sua implantação. Veja alguns deles:
Superar a resistência interna
Muitas vezes, os colaboradores podem se sentir ameaçados ou desmotivados com a participação externa no processo de inovação. Por isso, é preciso sensibilizá-los sobre as vantagens da inovação aberta e envolvê-los nas decisões.
Gerenciar a propriedade intelectual
Um dos principais dilemas da inovação aberta é como proteger os direitos autorais das ideias ou tecnologias compartilhadas ou adquiridas. Por isso, é preciso definir claramente as regras e os contratos sobre a propriedade intelectual entre os agentes envolvidos.
Avaliar a qualidade das contribuições externas
Nem todas as ideias ou soluções provenientes dos agentes externos são válidas ou viáveis para a empresa. Por isso, é preciso ter critérios claros para avaliar a qualidade das contribuições externas e selecionar as mais adequadas.
Medir o retorno sobre o investimento
Outro desafio da inovação aberta é como medir o retorno sobre o investimento feito nas atividades relacionadas à colaboração externa. Por isso, é preciso definir indicadores relevantes para acompanhar os resultados da inovação aberta.
Como criar uma cultura que estimule a inovação aberta?
Para que a inovação aberta seja bem-sucedida na sua empresa, é preciso criar uma cultura que estimule esse modelo de gestão empresarial. Veja algumas dicas para isso:
Promova uma visão compartilhada
Todos na empresa devem ter uma visão compartilhada sobre o propósito e os objetivos da inovação aberta. Isso ajuda a alinhar as expectativas e as ações dos colaboradores em relação à colaboração externa.
Estimule uma mentalidade aberta
Os colaboradores devem ter uma mentalidade aberta para aceitar novas ideias ou soluções provenientes dos agentes externos. Isso implica em reconhecer as limitações internas e valorizar as contribuições externas.
Incentive uma atitude proativa
Os colaboradores devem ter uma atitude proativa para buscar novas oportunidades ou desafios relacionados à inovação aberta. Isso implica em sair da zona de conforto e explorar novas possibilidades.
Reconheça os esforços e resultados
Os colaboradores devem ser reconhecidos pelos seus esforços e resultados na participação do processo de inovação aberta. Isso implica em oferecer feedbacks positivos e negativos, premiar as boas práticas e celebrar as conquistas.
Inovação aberta: exemplos de empresas que usam
Para ilustrar como a inovação aberta funciona na prática, vamos ver alguns exemplos de empresas que usam esse modelo:
Procter & Gamble
Uma das pioneiras na adoção da inovação aberta, a Procter & Gamble criou um programa chamado Connect + Develop (Conectar + Desenvolver), que consiste em uma plataforma online onde a empresa publica os seus desafios relacionados à inovação e recebe propostas de soluções dos agentes externos. Com isso, a empresa conseguiu aumentar em 60% a produtividade do seu setor de pesquisa e desenvolvimento.
Lego
Outra empresa que usa a inovação aberta é a Lego, que criou um site chamado Lego Ideas (Ideias Lego), onde os usuários podem enviar sugestões de novos produtos baseados nos blocos da marca. As sugestões que recebem mais de 10 mil votos são avaliadas pela empresa e podem se tornar produtos reais, com direito a royalties para os criadores.
Netflix
A Netflix também utiliza a inovação aberta para melhorar os seus serviços. Em 2006, a empresa lançou um concurso chamado Netflix Prize (Prêmio Netflix), que oferecia um milhão de dólares para quem conseguisse melhorar em 10% o seu sistema de recomendação de filmes. O concurso atraiu mais de 40 mil participantes de 186 países e durou três anos, até que uma equipe vencedora foi anunciada.
Natura
No Brasil, um exemplo de empresa que usa a inovação aberta é a Natura, que criou um programa chamado Natura Campus (Campus Natura), que consiste em uma rede de parcerias com instituições de ciência e tecnologia, startups, empresas e comunidades para desenvolver soluções sustentáveis e inovadoras para os seus produtos e processos.
A inovação aberta é um modelo de gestão empresarial que busca a inovação por meio da colaboração com pessoas e organizações externas à empresa. Esse modelo oferece diversas vantagens para as empresas, como redução de custos, aumento da produtividade, melhoria da qualidade e diferenciação no mercado.
No entanto, a inovação aberta também apresenta alguns desafios, como superar a resistência interna, gerenciar a propriedade intelectual, avaliar a qualidade das contribuições externas e medir o retorno sobre o investimento.
Para implementar a inovação aberta na sua empresa, é preciso seguir alguns passos, como definir o objetivo e o escopo da inovação aberta, identificar os agentes externos relevantes, estabelecer os canais e mecanismos de interação e criar uma cultura de colaboração e confiança.
Além disso, é importante conhecer os tipos e exemplos de inovação aberta e se inspirar nas boas práticas de empresas que usam esse modelo.
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